sábado, 15 de janeiro de 2022

Um dia abres os olhos e descobres - António Franco Alexandre

"Um dia abres os olhos e descobres

os inexactos corpos misturados

e ficas sem saber de que maneira

este estranho centauro nomear.


Já te espantou o lume, quando viste

uma língua no sonho da saliva,

e te riste, de ser tão branco o sangue

que nas beiras da noite adormecia.


Agora é o teu corpo que procura

na orla da floresta, uma fogueira

onde acordar as mãos de forma humana,


e resolver enfim, mas para sempre,

se ser o sacro emblema do horror

ou o primeiro verso de um poema."


António Franco Alexandre

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