Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadasQue são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar~
Daniel Faria, sem título (retirado de “Homens que são como lugares mal situados”, Fundação Manuel Leão, 1998)
A JUSTIFICAÇÃO DE CLÁUDIA R. SAMPAIO PARA A SUA ESCOLHA
Poeta pouco conhecido, Daniel Faria morreu demasiado jovem mas deixou-nos poemas que confirmam uma maturidade assombrosa aliada a uma visão mística e visceral. Com uma poesia que ilumina, numa incessante busca e contemplação e numa serena exaltação dos mistérios do homem, este poema não deixa ninguém indiferente.
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